A técnica do coprocessamento é uma tecnologia amplamente utilizada na Europa, Estados Unidos e Japão
e consiste na destruição dos resíduos nos fornos durante o processo de produção do cimento, resíduos que
substituem parte da matéria-prima e principalmente parte dos combustíveis fósseis não renováveis, sem
alterar a qualidade do cimento. Trata-se de uma atividade regulamentada pelo Conselho Nacional de Meio
Ambiente (Conama) e incorporada à PNRS, Política Nacional de Resíduos Sólidos. A indústria brasileira de
cimento desde o final dos anos 90 coloca seus fornos à disposição de diversos setores para a eliminação de
resíduos industriais.
Este trabalho apresenta um panorama estatístico dos diferentes tipos de resíduos destruídos nos fornos de
cimento. Do total de resíduos coprocessados utilizados, os combustíveis alternativos (resíduos+biomassa)
representaram 85% e as matérias-primas alternativas 15%, em toneladas, correspondendo a um índice de
substituição térmica de 11,3%. Dos resíduos destruídos, salientam-se os pneus. Estes quando expostos a
céu aberto podem levar até 100 anos para se degradar e representam um problema ambiental e de saúde
pública. O coprocessamento é a melhor alternativa de destruição definitiva de pneus inservíveis. Um único
forno, com capacidade de produção diária de mil toneladas de clínquer, pode consumir até cinco mil pneus
por dia. As 297 mil toneladas de pneus inservíveis coprocessados em 2016, corresponderam a cerca de 59
milhões de pneus.
Finalmente diversos estudos mostraram que os elementos menores incorporados no clínquer coprocessado
ficam em solução sólida na estrutura de silicato de cálcio e, dessa forma, não são lixiviados do concreto e
também não influem no desempenho do cimento, nem na durabilidade do concreto.
A geração de resíduos é um dos maiores problemas da sociedade atual e representa uma preocupação crescente em todo o mundo. O tema tem merecido atenção constante do Governo, do setor produtivo e da sociedade civil, em busca de soluções para o manejo e a destinação adequados dessas substâncias. Em particular, os setores produtivos em suas diferentes especialidades, vêm procurando continuamente meios para uma destinação adequada de seus resíduos.
Esses setores, atentos às premissas de preservação do meio ambiente e cumprimento das legislações aplicáveis, encontram no coprocessamento nos fornos de cimento uma alternativa que contribui para a competitividade e continuidade dos seus negócios ao promover a destruição completa dos resíduos gerados durante sua produção industrial.
Calcário e argilas são as matérias-primas tradicionais que são queimadas nos fornos de cimento para obtenção do clínquer, o qual depois de resfriado e devidamente moído com outras adições resultam nos diferentes tipos de cimento portland. No coprocessamento destroem-se os resíduos e economizam-se matérias-primas e combustíveis, contribuindo para a sustentabilidade sendo, portanto, também uma vantagem para o produtor de
cimento ( BATTAGIN & RODRIGUES, 2012).
O coprocessamento pode ser definido como tecnologia de queima de resíduos em fornos de cimento, tecnologia essa, que não gera novos resíduos e contribui para a preservação de recursos naturais, por substituir matérias-primas e combustíveis tradicionais no processo de fabricação do cimento Em prática no Brasil há vários anos e amparado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2010), sancionada em 2010, o coprocessamento de resíduos em fornos
de cimento constitui uma das soluções para o problema de disposição correta de resíduos.
Trata-se de uma interação ambientalmente segura do processo de fabricação do cimento com resíduos industriais e, também, uma alternativa economicamente competitiva com relação a outras disponíveis, pois se caracteriza pela destruição total de grandes volumes de resíduos, sem geração de novos passivos ambientais.
O coprocessamento permite que a indústria do cimento desempenhe papel preponderante no gerenciamento de resíduos sólidos de outros setores industriais como uma alternativa ambientalmente sustentável e economicamente viável.
Mas são os pneus inservíveis que constituem atualmente o principal resíduo coprocessado. Esse fato decorre do coprocessamento ser a melhor alternativa de destruição definitiva desses pneus inservíveis. Um único forno, com capacidade de produção diária de mil toneladas de clínquer, pode consumir até cinco mil pneus por dia. Vale lembrar que os pneus expostos a céu aberto podem levar de 100 a 600 anos para se degradar e representam um problema ambiental e de saúde pública, pois propiciam o aparecimento de focos da dengue e estão sujeitos a riscos de incêndios (WBCSD, 2009).
Leia o estudo completo AQUI | Fonte: https://coprocessamento.org.br/